sábado, 5 de outubro de 2013

RECEPÇÃO 2: Formas de Execução


            A decisão do jogador quanto à parte do corpo que será utilizada para a recepção depende basicamente da trajetória e potência desta e do posicionamento do jogador. Ou seja, a bola poderá chegar alta, a meia-altura, rasteira ou quicando; e ainda fraca, com meia força ou com violência.


1 - Com o Pé
            A recepção da bola pode ser realizada com o pé das seguintes maneiras:
            1.1 - Com a planta do pé 
            Esta forma é comumente chamada de travada e é utilizada para deter as bolas que caem à frente do jogador, sendo a mais eficiente quando se pretende parar a bola totalmente.
Sua execução é feita da seguinte maneira: Uma das pernas faz o apoio do corpo enquanto a outra se eleva com o joelho levemente flexionado e o pé também flexionado com a ponta para cima. No momento em que a bola for tocar o solo, o jogador descerá suavemente o pé sobre esta que se encaixará no ângulo formado entre o solo e o pé.
            O jogador deve cuidar com que a ponta do pé não seja excessivamente levantada, pois isto fará com que a bola rebata na sola e escape. Deve também ter cuidado para não pisar na bola, o que lhe fará cair.
             1.2 - Com a parte interna do pé
            É uma das formas mais usadas porque permite proteger a bola e facilita a sequência da jogada. Utiliza-se mais para recepcionar bolas rasteiras, à meia-altura e especialmente as que chegam lateralmente.
            É executada estando o jogador um pouco de lado em relação à trajetória da bola. Enquanto o corpo se apóia numa perna, quase estendida, a outra, com uma ligeira rotação externa, vai de encontro à bola. Com a chegada da bola a perna volta amortecendo-a com a parte interna do pé, trazendo-a para o seu domínio.
            O jogador deve tomar cuidado para não levantar demais o pé de contato nas bolas rasteiras, pois ela poderá passa por baixo deste.
              1.3 - Com a parte externa do pé
         Esta forma de recepção apresenta um maior grau de dificuldade e deve ser usada quando o posicionamento do jogador não permita a execução com a parte interna do pé. Se, por exemplo, a bola chega de lado, cruzando a frente do corpo, à esquerda e o peso do corpo está sobre a perna esquerda, então não se pode recebê-la com a parte interna do pé esquerdo, porque, neste momento , sequer poder-se-ia  elevar esta perna. Nestes casos se dá a utilização da parte externa do outro pé. Para tanto deve-se cruzar a outra perna à frente da perna de apoio e com a parte externa do pé fazer a recepção.
            Embora de difícil execução, esta forma de recepção é muito valiosa pois permite uma fácil movimentação imediata, especialmente se o jogador pretende mover-se em direção oblíqua ou na mesma direção em que chega a bola.
           1.4 - Com o peito do pé
            Esta recepção é efetuada sempre que se quer abaixar uma bola que chegue pelo alto.
Apesar da dificuldade que apresenta ela tem a vantagem de eliminar os prováveis defeitos das outras formas ocasionados pelas irregularidades do terreno.
            Sua execução se dá da seguinte forma: o corpo apoiado numa perna, um pouco flexionada, eleva-se a outra o máximo possível, na ida para a bola; os braços auxiliam o equilíbrio do corpo; quando a bola vai tocar o peito do pé, faz-se um recuo da perna amortecendo-a e trazendo-a ao solo em perfeito domínio.
2 - Com a Coxa
            Esta não é uma forma muito comum de recepção e exige grande habilidade. É utilizada em bolas que chegam pelo alto, especialmente aquelas que de tão rápidas não oferecem tempo suficiente para a elevação e utilização do pé.
            O jogador a executa apoiando o peso do corpo sobre uma perna e elevando a outra com o joelho flexionado em ângulo reto. No momento em que a bola vai tocar a coxa, faz-se o recuo da perna rapidamente amortecendo-a e deixando-a cair à sua frente.
            Para uma execução perfeita o jogador deverá tomar os seguintes cuidados: evitar que a bola bata no joelho ao invés da coxa; realizar o recuo da perna no tempo exato, evitando a rebatida forte da bola; auxiliar o equilíbrio do corpo com os braços.
3 - Com o Abdome  
      
            Mais utilizada pelos jogadores de defesa, esta forma é muito útil em duas situações mais especificamente: nas bolas que chegam diretamente à altura da cintura e nas que chegam rebatidas do solo à frente e não permitem o uso dos pés.
            Na primeira situação o jogador deve abrir um pouco as pernas e apoiar o peso do corpo igualmente sobre elas. Em seguida flexiona ligeiramente os joelhos e põe uma perna um pouco mais atrás. Quando a bola chega ao abdome dá-se um passo atrás com a perna adiantada, inclinando o tronco um pouco para frente, obtendo-se uma parede curva. É necessário tensionar os músculos abdominais para não sofre os efeitos da bolada.
            No segundo caso, faz-se os mesmos procedimentos, sendo que se deverá fazer uma inclinação do tronco maior para frente.
            Para uma boa execução é necessário assegurar-se de que: se esteja exatamente de frente para a direção da bola; a bola não rebaterá muito perto do jogador; os braços estejam separados do corpo para que a bola não toque neles.
4 - Com o Peito

            O ato de matar a bola no peito é o recurso de que se lança mão para receber as bolas altas com eficiência e com possibilidade de mudança de direção, constituindo-se em jogada de grande beleza e valor.
            Para executá-la projeta-se o tronco para trás, arqueado em convexidade anterior, e logo, para freiar a velocidade da bola, adiantam-se os ombros e inclina-se o tórax para frente.
            Uma eficiente recepção com o peito dependerá de: a) o peito estar perpendicular à direção da bola; b) um retrocesso eficiente do peito amortecendo a bola; c) uma boa inspiração antes da chegada da bola e da expiração no momento preciso do toque da bola no peito.
5 - Com a Cabeça

            Este tipo de recepção é menos usado devido a sua difícil execução, uma vez que a testa com sua superfície rija facilmente provoca o ressalto da bola, o que não é desejável neste fundamento. É sempre preferível recuar-se um pouco e matar no peito. Entretanto, com bastante treinamento este pode ser um recurso a mais para o jogador habilidoso.
            A recepção com a cabeça é usada para deter bolas altas, especialmente as que chegam com pouca velocidade.
            Executa-se recebendo a bola na testa, amortecendo-a através do recuo da cabeça e do direcionamento do corpo para baixo e para trás devido à flexão dos joelhos. Segundo Godoi:


“para dominar de cabeça o jogador deverá entrar debaixo da bola que estará em movimento descendente ou horizontal, recepcionando-a com a região frontal da cabeça. As pernas estarão em afastamento lateral ou frontal, com os joelhos em semi-flexão, projetando o quadril à frente. A cabeça fará movimento de recuo suavizando a caída da bola.” 1 
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 Notas Bibliográficas
1  GODOI, Ivan & CARDOSO, Gilberto. Futebol: paixão de um povo. Caxias do Sul, Educs, 1989, p, 101

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